A cura pelo amor
- Denise Flores

- 19 de fev. de 2020
- 2 min de leitura
Ano passado tive a maior crise de depressão da minha história, não tanto pela intensidade dos dias ruins, mas pela extensão. Semanas, meses. Dias que viraram noite pela necessidade de ficar quietinha e noites que viraram dia pela inquietação dos pensamentos. A insônia é um sintoma terrível das crises. Fiquei mais recolhida. Tive dificuldade de sair para encontrar os amigos. Evitei alguns eventos sociais. Por algumas vezes cheguei na academia, fiz esteira, voltei para a casa, fobia de ver a sala de musculação cheia e pensar que eu precisava interagir com as pessoas. Recusei um trabalho, mesmo precisando do cachê, por saber que naquele momento eu não daria conta. Moro com minha mãe e ela sempre acompanha tudo de perto, teve dia em que ela precisou de reforços e pediu para a Deia vir aqui para casa. Minha mãe e minhas irmãs estão comigo diariamente, independente da geografia, e fizeram uma das intervenções mais importantes para a minha recuperação: voltar a fazer terapia semanalmente. Intervenção por terem insistido nisto e por me ajudarem financeiramente neste quesito. O acompanhamento da psiquiatra, a terapia semanal com a psicóloga, o tratamento de cinesiologia essencial, família, amigos, esforço pessoal. Um super combo para me fortalecer. Já no final do processo, Mah veio para o Brasil, e trouxe com ela o Jordan, toda a expectativa para carregar meu sobrinho pela primeira vez e ao mesmo tempo uma ansiedade imensa por não estar bem. Poucos dias depois que eles estavam no Brasil, tive um dia de muito choro. Ela deixava o Jordan no meu colo para eu me sentir melhor. E eu recebia todo aquele amor. Jowjow é um acontecimento extremamente amoroso nas nossas vidas. Havia um tempo que não ficávamos todas juntas, e o encontro do final do ano alinhou muitas coisas em nossas vidas. A casa cheia novamente. A alegria do primeiro neto em casa, muita confusão, banho, comida, brincadeiras, visitas. O Natal, depois de anos, os Flores e os Xavier "em peso" em casa. Foram doses cavalares de muito amor que recarregou a todas nós. E muito especialmente ajudou na minha cura. A foto que ilustra este texto foi em um dos últimos dias das nossas férias em família, eu já me sentia muito bem e acho que o amor ficou impresso nesta imagem. O amor que recebemos renova o amor que somos capazes de doar. A terapia tem me ajudado em um longo processo de elaboração e de conexão comigo mesma. Recuperar e alimentar o amor próprio é o remédio mais poderoso para me sentir bem. Estar bem é uma coisa louca, porque também dá medo, dá frio na barriga. Minha terapeuta disse que minha animação não vem pela chegada do carnaval, mas sim, porque aos poucos eu me abro para a vida. Que assim seja. E que o amor, siga me curando. Denise Flores 19 FEV 2020 #divirtasenocaminho
Foto: arquivo pessoal






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