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Esta tal atividade física

  • Foto do escritor: Denise Flores
    Denise Flores
  • 7 de ago. de 2019
  • 4 min de leitura

Ao longo da vida, boa parte das pessoas, vai ouvir, ler e receber a informação de que atividade física faz bem.

A questão é que existe uma distância imensa entre receber a informação e colocá-la em prática.

Quando eu era criança fiz natação, minha mãe levava e era fácil manter a disciplina. Na adolescência, além da educação física, às vezes íamos ao colégio fora do horário para jogar basquete ou alguma outra coisa, e por um tempo, joguei futebol de campo em Capim Branco.

Tudo leve, divertido, corpo em atividade, sem grandes preocupações.

Infelizmente, fui adolescente em uma época que não se falava de democratização dos corpos, em diversidade, em nada disto. Pelo contrário, estávamos no auge das cruéis revistas femininas que estavam sempre falando sobre o corpo perfeito e exibindo fotos retocadas com photoshop.

Na foto abaixo, à esquerda, estou curtindo o verão em Nova Almeida. Não lembro o ano, mas adorava este bíquini, minhas coxas, e que corpão, né?

No entanto, minhas irmãs sempre foram mais magras do que eu, então era comum as pessoas ao nos verem juntas, se referirem a mim como gordinha, ou algo assim. Para os padrões da mídia eu estava acima do peso, e adolescência é uma coisa, né? Fase em que ficamos influenciáveis porque estamos tentando ser aceitos, etc, etc

Foi tentando emagrecer, quando nem precisava emagrecer, que comecei a engordar.

Quando você quer perder peso te mandam praticar atividade física, principalmente te mandam para a academia.

Fiz academia por um tempo, uma tortura, me achava inadequada para o ambiente, não gostava das músicas, ficava implicada com os “ratos de academia” o tempo todo de frente para o espelho, achava que os instrutores não me davam atenção porque eu não era “rata de academia”, e eu precisava de atenção porque não sabia ler a ficha e ajustar os aparelhos.

Foi quando comecei a não gostar de atividade física. Ou pelo menos achar que era isso.

Logo veio a primeira faculdade, curso de publicidade, galera mais “alternativa”, fiquei mais relaxada em relação a corpo e peso. Neste período, fiz um ano de dança do ventre.

Comecei a namorar e achava que precisava ficar magra, comecei uma dieta maluca atrás da outra. Um erro atrás do outro.

Minha família sempre me apoiou, então me davam suporte para eu parar com maluquices e tentar coisas saudáveis. Mas sempre me deixava seduzir por alguma solução que prometia ser mágica.

Final de curso, pressão do TCC, sanduíches, pizzas e emoções descontadas na comida. Ganho de peso.

Um ano depois da faculdade, meu pai morreu e eu engordei trinta quilos, sem perceber. Porque tem uma hora que apenas não percebemos mais nosso corpo.

Uma vez, comprei dois pães de queijo e dois toddynhos, percebi que estava literalmente comendo por duas pessoas. Procurei uma endocrinologista, a Dra.Angélica, que me acompanha desde então, meu cortisol (hormônio do estresse) estava nas alturas. Ela me explicou que tristeza não me faria engordar tanto, mas que o fato de ter engordado, fez desencadear outros processos no meu organismo.

Engordar muito é um ciclo louco. As roupas param de servir. Comecei a me vestir como uma senhorinha. Comprava roupas largas. Ficava desanimada com meu visual. E a auto estima descia ralo abaixo.

Cortisol controlado. Hormônios controlados. Retirada de nódulos na mama. Passei a fazer check up’s de maneira regular.

Quando os médicos perguntavam pela atividade física, eu sempre estava “começando”. E estava mesmo, mas desistia muito rápido.

Tive um pouco de sucesso em 2012 que fiz quatro meses de dança e, entre 2014 e 2015, que fiz um ano de teatro.

O teatro me ajudou a retomar a consciência do meu corpo. E entre uma coisa e outra, e principalmente, com muita terapia, voltei a me amar e a realmente me preocupar comigo.

Certamente a maior conquista dos últimos anos foi entender que meu corpo não precisa ser igual ao de ninguém. Ele é meu. É lindo. E principalmente, é livre.

Na foto do meio estou curtindo um topless na praia, verão de 2018. Liberdade é felicidade. E na foto da direita estou no carnaval deste ano, vestida como eu queria, me divertindo muito.

Depois de fazer as pazes com meu corpo, percebi que apesar de toda a liberdade, estou obesa e estava sedentária. Por mim, faria dança, esgrima ou natação. Mas precisei ser sincera comigo e madura na minha decisão, e o que realmente estava precisando era voltar para academia, exercícios aeróbicos mais musculação para perder peso e fortalecer músculos e articulações.

No fundo, acho que escolhi a Smart Fit porque é a academia da Mari, uma amiga que malha todo dia, ela é meu exemplo de disciplina com academia, então fiquei tendenciosa.

Claro que com tantas mudanças, minha visão de academia também mudou. Todo aparelho tem um botão para chamar um professor, o que facilita bem. Mas, mais do que isso, os professores são atenciosos, estão sempre passando e verificando todos os alunos, no início estava sempre sendo corrigida, agora ganho vários “joinhas” por estar fazendo certo.

Já estou na segunda ficha, conheço os exercícios e sei ajustar os aparelhos. Não sei se é o mundo, a academia, ou o meu olhar, mas rolou uma democratização de frequentadores de academia. Diversidade me faz bem, me sinto inserida.

Às vezes até malho me olhando no espelho. Se antes qualquer imprevisto era um alívio para perder a atividade, agora me organizo para não precisar faltar.

Minha principal meta é não desistir, então quando odeio muito um exercício, peço para trocar. Fora isto, estou seguindo pequenas metas que vou criando. É o meu jeito de me incentivar e não me auto-sabotar.

Estou mais disposta. Postura melhorou. Comecei a perder peso. Os joelhos estão mais fortes.

Estou curtindo a academia. Minhas irmãs até me zoam que virei marombeira.

Obviamente que todo apoio que recebo, da família e dos amigos, é super importante para cada passo que dou na vida. Mas no que diz respeito a sair do sedentarismo, e começar a “tal atividade física” regularmente, acho que fazer as pazes com meu corpo foi fundamental, entender como ele está, e o que ele precisa. E corpo precisa de movimento.

Denise Flores

7 AGO 2019

Foto: Esquerda e centro - arquivo pessoal. Direita - Ronaldo Oliveira.

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