Sobre estar em depressão, sobre estar bem
- Denise Flores

- 20 de out. de 2019
- 3 min de leitura
Aos dezesseis anos, pela primeira vez, fui diagnosticada com um quadro de depressão. Hoje, aos trinta e sete, não sei dizer ao certo quando começou a atual crise. Talvez porque tenha negado ela sistematicamente na esperança de que assim, ela pudesse desaparecer.
A depressão ainda é um tabu. Ela é diferente de pessoa para pessoa. E uma crise nunca é igual a outra.
Acho importante falar sobre a fase que venho passando. Porque escrever me faz bem. Porque pode ajudar outras pessoas. Porque o blog é sobre isto, sobre como faço esta travessia chamada vida.
É importante dizer que nem sempre a pessoa com depressão fica o tempo todo deitada em uma cama ou em um quarto escuro.
Tenho a sensação de estar atravessando uma maré turbulenta, às vezes preciso lutar para não me afogar, as vezes consigo boiar e me deixar levar e, às vezes, surfo em belas ondas.
Nos últimos meses, nos dias bons, saí, me diverti, trabalhei muito, compareci a diversos compromissos, mantive minha rotina de exercícios, etc
Mas tiveram dias e noites muito ruins. Quando a tristeza bate, meu corpo dói, choro muito e só quero ficar quieta.
Nas últimas semanas, tenho ficado mais recolhida e evitado alguns programas sociais.
Nem sempre é fácil. Ontem fui a um churrasco de família e fiquei bem. Fui encontrar um amigo e fiquei bem. Até que não fiquei mais. Voltei para casa aos prantos, para ser acolhida e cuidada pela minha mãe.
Minha mãe é quem tem acompanhado de perto os altos e baixos pelos quais tenho passado nos últimos tempos. Na verdade, ela, minhas irmãs e alguns poucos amigos com os quais tenho dividido minhas dores e anseios. E o Dyyrua, claro. Um animal de estimação pode não saber falar, mas é uma ótima companhia.
As vezes falamos e o não entendimento ou a não reação das pessoas frustra também. E o que preciso neste momento é acabar de atravessar a dor, então também tento me proteger de outras possíveis dores.
Sei que não é falta de Deus. Há alguns anos abri mão de ter religião, sem abrir mão da minha fé. Sigo fazendo minhas orações, e conversando com o Criador e com Universo do meu jeito, da maneira como tenho dado conta.
Fui procurar ajuda com a Dona Dalka e soube do seu desencarne. Neste dia, fquei um pouco mais perdida. Precisei dar bolo no meu avô para que ele não me visse triste. Precisei de mais prazo para entregar um trabalho e para finalizar um projeto.
Tiveram momentos em que precisei lutar para existir para além da dor.
Arrisco um autodiagnóstico de que estou passando por um luto tardio pela morte do meu pai. Por circunstâncias diversas, feridas foram abertas e sinto que agora elas precisam acabar de sangrar para curarem de vez.
Levantar a bandeira da prevenção ao suicídio nunca foi por estar cem por cento resolvida com o assunto, mas por saber a dor causada pelo suicídio de uma pessoa próxima.
Tenho tentado reagir de maneira mais efetiva. Esta semana tenho consulta com uma nova terapeuta, vou voltar para a academia e fazer a leitura do meu mapa numerológico. Tentar voltar a rotina de Duolingo, Mandala Lunar, meditação, planos e projetos.
Sei que não vou dar conta de tudo de uma vez, mas só preciso me manter em movimento, um dia por vez, e em breve, todos os dias voltarão a ser bons.
Denise Flores
20 OUT 2019
Imagens: internet






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