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Setembro amarelo

  • Foto do escritor: Denise Flores
    Denise Flores
  • 30 de set. de 2020
  • 3 min de leitura

Hoje encerra-se mais um setembro amarelo, um mês dedicado a prevenção ao suicídio.


Um mês para chamar atenção para um assunto presente diariamente na vida de milhares de pessoas em todo o mundo.


São registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 01 milhão no mundo. A cada 40 segundos uma pessoa, em algum lugar do mundo, tira a própria vida.


Eu era criança quando o ex-marido da minha tia tirou a própria vida, lembro de brincar com meus primos e ter aquela história de “seu pai foi para o céu, mas vai ficar tudo bem”. Alguns anos depois, fiz uma promessa para o espírito do Tio Luzimar encontrar a luz, mas até aquele momento, não tinha dimensão do impacto que o suicídio, e as tentativas de suicídio, têm.


De lá para cá, é uma longa história com este assunto com o qual lido bem a maior parte do tempo, mas também tenho minhas feridas e gatilhos.


Sou muito parecida com meu pai, em muitos aspectos. Então, depois da morte dele tinha esse peso de ser parecida com alguém que acabou se suicidando, e como é difícil aprender essa lição: aconteceu, não precisa se repetir.


Tenho muita consciência disso. Meu pai era um amante e defensor da vida, e se ele acabou entendendo que tirar a própria vida era uma opção para os seus problemas e dores, isto me fez entender que é algo que pode acontecer com qualquer um, por isso, acho tão importante falar sobre o assunto e acolher quem está com problemas.


Quis muito dar um soco na pessoa que disse que meu pai havia aceitado Jesus no seu último minuto de vida. O meu pai era um homem extremamente caridoso e solidário. Defensor da justiça social. Não suportava injustiças. Ele praticou os ensinamentos de Cristo em vida.


Este comentário foi extremamente preconceituoso e tem a ver com o imenso peso das crenças religiosas ao condenarem quem tira a própria vida. Falta compaixão com quem foi, falta compaixão com os sobreviventes, que são os familiares e amigos de um suicida.


A sociedade condena o tempo todo. Foi um ato de covardia, foi errado, foi pecado.


Todo o preconceito com quem tira a própria vida transforma o assunto em tabu e impede o mais importante: conversamos abertamente sobre o assunto, acolhermos quem está em sofrimento.


É preciso ouvir. É preciso ter coragem de perguntar se a pessoa está pensando em suícidio. É preciso encaminhar para uma ajuda profissional (porque nem sempre somos capazes de ajudar). É preciso entender que uma ameaça não é necessariamente para chamar a atenção, ela pode se tornar real.


Perdi amigos para a depressão. Já olhei nos olhos de um amigo que tinha decidido como faria, e com a ajuda certa, não fez. Já fui surpreendida com a notícia que uma pessoa muito querida havia tentado, não conseguiu, recebeu tratamento, e hoje está bem. Já ajudei, escutei, estendi a mão. E também já me afastei por não saber o que fazer e me ferir com a situação.


Não é fácil. Nunca é fácil.


Estamos há quase duzentos dias em recolhimento social. Muita gente surtando de verdade.


Suicídio é caso de saúde pública.


Se você está passando por um momento difícil, procure ajuda. Com a sua família ou com os seus amigos.


Se precisar, anonimamente, pelo 188 (Centro de Valorização da Vida).


Respire e acredite: vai passar!

Não desista. Peça ajuda!


Denise Flores

30 de setembro de 2020



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