Precisamos falar sobre suicídio
- Denise Flores

- 9 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
Precisamos falar sobre suicídio.
Não é a primeira e não será a última vez que começarei um texto com está frase.
Flávio Migliaccio se matou. Ficamos um ou dois dias discutindo sobre a carta deixada por ele ser, ou não, um gatilho. Foi importante. Acabou a conversa.
Não foi um gatilho para mim.
O corpo dele ter sido fotografado, foi um pequeno gatilho. Um acontecimento da minha vida, que não vem ao acaso contar, foi um gatilho imenso.
No meu caso, não é gatilho de quem pensa em se matar, mas de quem sobreviveu.
Chamamos de sobrevivente quem passa pela experiência de perder uma pessoa próxima por meio do suicídio.
Minha terapeuta está me ajudando com a elaboração das questões que surgiram. Vai passar, vai curar, vou crescer.
Mas tudo isso me lembrou de vir expor alguns pontos que considero importantes:
* Estatisticamente, a maioria das pessoas que tiraram a própria vida, falaram sobre isto antes. Ao contrário do que se pensa, quem avisa, pode fazer.
* As vezes, a pessoa que se mata, já havia tentado outras vezes antes, não é porque ela não conseguiu que se assustou e desistiu da ideia.
* Nem todo mundo que se mata esta em depressão, ou recebeu este diagnóstico.
* O uso prolongado de algumas drogas altera a parte do cérebro responsável pelo nosso "instituto de sobrevivência" e isto é muito perigoso (aprendi em uma palestra do Setembro Amarelo, não sei explicar detalhes).
* A ideia de que uma pessoa possa se matar dá medo.
Precisamos falar sobre suicídio porque isto pode ajudar pessoas em situação de risco ou pessoas que estejam convivendo com alguém em situação de risco.
Não é fácil falar, as vezes pode ser doloroso.
Mas aos poucos, vamos aprendendo uns com os outros.

Imagem Andrys Stienstra porPixabay





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