50 dias de recolhimento
- Denise Flores

- 9 de mai. de 2020
- 1 min de leitura
Nestes 50 dias de recolhimento, ontem foi a primeira vez que saí e estive com outras pessoas. Antes, só tinha dado carona para minha mãe.
Foi um combo.
Fui a psiquiatra. O único som na sala de espera era o choro baixinho de uma paciente. Consultei. Peguei minha receita. Fui embora.
Cheguei no bairro. Aproveitei e passei no posto de saúde. Tomei vacina e fui embora.
Passei na farmácia. Fiquei na área delimitada. Os donos da farmácia me conhecem há trinta anos e não me viam há 50 dias, me deram um "oi" porque precisam liberar rapidamente os cliente. Comprei meu remédio e fui embora.
Passei no Verde Mar. Entrada de clientes controlada. Peguei o que precisava. Fui embora.
Passei por um garoto com uma máscara destas de acrílico com um anúncio do lugar que vende a máscara. Acabei de subir a rua pensando se ele seria um outdoor ambulante.
Cheguei em casa. Com muita sede. Minha mãe pegou água para mim, para eu não entrar na cozinha recém chegada da rua . Me limpei, troquei minha roupa. Lavei compras. Passei álcool onde tinha que passar. Fiz as coisas que fazem parte da nova rotina.
Isto tudo vai passar. Isto tudo precisa passar.
As máscaras escondem os sorrisos. A urgência de não juntar pessoas elimina o espaço para conversas bobas, mas que fazem parte da nossa existência enquanto sociedade.
Não sei como será o mundo pós Pandemia. Mas voltar a rotina de convivência com outras pessoas, e principalmente, voltar para junto dos meus, será maravilhoso.
Por enquanto, fiquemos em casa.
Denise Flores

Imagem internet





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