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Vó Iria, minha alminha gêmea

  • Foto do escritor: Denise Flores
    Denise Flores
  • 23 de jun. de 2017
  • 2 min de leitura

Lá se vão sete anos desde a sua partida.

Lembro-me que quando chegou a notícia, o coração ficou bipolar, metade triste por saber que ali acontecia a separação física, metade aliviado por saber que você não sofreria mais.

Ver quem amamos entubado no CTI é sempre um exercício de desapego, abrir mão do egoísmo de querer ter perto, pela certeza de que amar é querer bem.

Se a vida te deu uma partida rápida, a nós, sobrou todo o tempo para entendermos que a “dengue mata” não é força de expressão.

Passada a dor inicial da perda, ficou a saudade.

Saudades de dormir na sua casa, no tapete peludinho, junto com todos os primos. Coisa de casa de vó. Acordar e dormir brincando.

Das ligações quando meus pais viajavam para saber se precisávamos de algo. De ganhar agnus dei para usar em viagens. E ganhar meias coloridas de aniversário, todo ano, o mesmo presente, e a mesma alegria em renovar meu estoque de meias.

Das suas ligações para dizer que viu meu nome na TV. Se naquela época você já gostava de me ver nos créditos, hoje, iria a loucura com tudo o que anda acontecendo.

Saudades do quindim, do bolo marítimo, dos bifes e do copo de Nescau antes de dormir.

De ver o ciúmes que você sentia do Vô Vicente, que aliás, sente muito a sua falta, e segue te amando.

De ver você rir pela milésima vez que meu pai mostrava sua foto na carteira dele. Acho que depois que ele se foi, piadas de sogra perderam a graça. Ele pegava no seu pé, mas o amor entre vocês era inegável. Aliás, devem estar aí, juntos, curtindo a companhia um do outro.

Saudades do seu olhar no dia da minha formatura em cinema, enquanto tocavam “como é grande meu amor por você”, você me olhava, e cantava. E acabava com os vazios que existiam em mim naquele momento.

E principalmente, saudades da sua doçura, de quando chegava no seu quarto e você baixinho, quase escondido, me chamava de “alminha gêmea”. Era o nosso momento, só nosso.

Ah, vó Iria.

Minha alminha gêmea.

Siga em paz. Que daqui seguimos caminhando.

Te amando eternamente.

A morte é a vida transformada.

“A morte é a curva na estrada.”

 
 
 

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